FMABC faz alerta sobre os riscos da obesidade infantil

Em 3 de junho, celebra-se o Dia da Conscientização contra a Obesidade Infantil, doença que já vem sendo classificada pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como uma pandemia global. Reconhecendo a importância dessa questão, o Centro Universitário FMABC, em Santo André, realiza um trabalho multidisciplinar para reforçar a necessidade de reduzir os casos na região do Grande ABC.

A obesidade infantil é uma doença crônica, complexa e multifatorial, caracterizada pelo acúmulo excessivo de gordura corporal. Vai muito além do simples aumento de peso e não deve ser atribuída apenas à falta de força de vontade individual. Trata-se de uma condição determinada por múltiplos fatores: genéticos, ambientais, sociais, alimentares e comportamentais, como sedentarismo e rotinas inadequadas.

“Combater essa realidade exige ações de prevenção desde os primeiros momentos da vida. A primeira infância é uma janela crítica e estratégica para a formação de hábitos e estilos de vida saudáveis, com efeitos diretos sobre a saúde física e mental, tanto no curto quanto no longo prazo”, explica Kleber Kobol, professor titular da disciplina de Pediatria no Centro Universitário.

Na FMABC, estudantes do curso de Medicina e integrantes da residência pediátrica recebem treinamentos realizados por profissionais do curso de Nutrição para trabalhar os conceitos de alimentação saudável com os jovens.

“Os cuidados já devem ser iniciados antes mesmo de a criança nascer. Durante a vida intrauterina, a alimentação e o estilo de vida da gestante impactam no desenvolvimento fetal saudável, ajudando a prevenir complicações como prematuridade, baixo peso ou macrossomia ao nascer, além de condições maternas como hipertensão e diabetes gestacional” comenta Kobol.

Estudos demonstram que recém-nascidos com baixo peso ou com macrossomia apresentam maior risco de desenvolver obesidade e suas complicações metabólicas, como diabetes tipo 2, dislipidemia e hipertensão arterial, já na infância ou na adolescência.

O aleitamento materno exclusivo até os seis meses — e complementado até os dois anos ou mais — é uma das estratégias mais eficazes para a prevenção da obesidade infantil. O leite materno, entre outras inúmeras vantagens, contribui para a autorregulação do apetite, favorece uma composição corporal adequada e oferece proteção contra infecções, alergias e doenças crônicas, sendo um importante fator de prevenção da obesidade infantil.

Segundo Roseli Oselka, pediatra e pró-reitora de Graduação da FMABC, a alimentação complementar, introduzida a partir dos seis meses, deve priorizar alimentos in natura ou minimamente processados, evitando-se ao máximo os alimentos ultraprocessados, ricos em açúcar, sal, gorduras saturadas, gorduras trans e aditivos químicos.

“Nesse sentido, os Guias Alimentares para a População Brasileira e para Crianças Menores de 2 anos, do Ministério da Saúde, são referências fundamentais para orientar escolhas alimentares saudáveis e sustentáveis” comenta. A instituição de ensino conta com profissionais que dão dicas para tornar os alimentos naturais mais atrativos, diminuindo assim o consumo de ultraprocessados por crianças.

“Hoje em dia, infelizmente, tem se perdido o hábito de cozinhar em família e de apresentar os alimentos orgânicos às crianças. Inserir preparações que contenham esses alimentos pode ser benéfico. Um exemplo é fazer um 'nugget caseiro', usando peito de frango moído e adicionando legumes ralados, para assar no forno. Também dá para preparar tortas que utilizam legumes e verduras. São várias possibilidades”, explica Narjara Pereira Leite, professora do curso de Nutrição.

Além da alimentação, hábitos de vida saudáveis também são decisivos. A prática regular de atividade física, o controle do tempo de uso de telas (como celulares, tablets e televisores) e o sono adequado são pilares na prevenção da obesidade infantil.

O excesso de tempo em frente às telas está associado à redução da atividade física, ao aumento do consumo de alimentos ultraprocessados e a distúrbios do sono — fatores que, em conjunto, aumentam significativamente o risco de ganho de peso e de complicações metabólicas.